A ESMAE propõe um novo modelo de documentação dinâmica de resultados de pesquisa artística, capaz de superar as limitações dos modelos tradicionais que as artes performativas põem em particular evidência.
Introdução
Contexto e necessidades da documentação da pesquisa artística
Tradicionalmente publicados em papel — sob a forma de dissertações, livros ou artigos em revista —, os modelos de documentação de projectos de investigação dão à palavra escrita o papel preponderante, remetendo os restantes elementos para um lugar de ilustração ou condensação da informação de suporte aos principais argumentos. Na era digital, o formato PDF veio tomar com facilidade o lugar que antes cabia à página impressa na divulgação científica, em grande medida porque aliou a facilidade de disseminação do digital às características que nos habituámos a valorizar no papel: a imutabilidade de cada cópia face ao original, a página como meio de navegação e o texto e a imagem fixa como principais veículos do conteúdo.
No entanto, e tal como acontece nos documentos em papel que pretende emular, o formato PDF não prevê a possibilidade de integração de elementos audiovisuais. Como nos livros e nas dissertações em papel, nos documentos em PDF as gravações de áudio e vídeo são remetidas para anexos ou incluídas sob a forma de ligação para outros suportes. Esta solução subalterniza os argumentos audiovisuais e apresenta-se como um enorme obstáculo à sua articulação com os restantes elementos no fluxo do contacto com a documentação de um projecto. Para além disso, a habitual dependência de plataformas comerciais (como, e.g., o YouTube) para a disseminação dos meios audiovisuais limita a capacidade de garantir o correcto e duradouro depósito destes conteúdos nos repositórios institucionais.
Estas limitações são particularmente penalizadoras para a pesquisa artística, sobretudo para a que acontece no contexto das artes performativas. Num momento de inaudito acesso a meios de documentação audiovisual, esta dificuldade não deixa ainda de ter um certo travo anacrónico. De igual modo, a utilização do número de página como principal meio de navegação num documento revela rapidamente a sua desadequação numa era em que a impressão das dissertações e artigos em papel caiu em desuso. Urge, por isso, encontrar encontrar uma solução para a documentação de projectos de pesquisa artística que permita:
- a integração de elementos audiovisuais em estreita articulação com os tradicionais elementos de texto e imagem;
- a experiência fluída de todos os conteúdos no tecer de uma argumentação verdadeiramente multimedia;
- a fácil navegação e referenciação de todos estes elementos, tanto em contexto de leitura como no contexto de uma arguição;
- a capacidade de conceber e alterar de forma escorreita e rápida os documentos multimedia sem a necessidade de um grande domínio das tecnologias de design e desenvolvimento web;
- a independência institucional quanto às tecnologias de implementação e arquivo da documentação de projectos de pesquisa artística.
A solução proposta pela ESMAE
Como solução para este problema, a ESMAE propõe um novo modelo de documentação dinâmica de resultados de pesquisa artística. Neste modelo, baseado em tecnologias web, a articulação da palavra, da imagem, do áudio e do vídeo faz-se de forma plenamente integrada. A presente página web apresenta-se como um exemplo deste modelo de documentação, como cardápio das suas possibilidades e, por fim, como manual de instruções para a sua implementação. O elemento final deste modelo de documentação é então uma página HTML idêntica ao presente documento e que ficará arquivada no endereço para a pesquisa artística da ESMAE conjuntamente com todos os ficheiros que nela estão integrados (imagem, vídeo e áudio) e eventuais anexos, como, e.g., ficheiros PDF.
O formato HTML é um formato aberto, estandardizado, disponível em todas as plataformas e que permite a fácil inclusão de quaisquer elementos multimedia. É um formato que torna expedita a disseminação de conteúdos e o cruzamento de informação, através não apenas de citações, mas também (e sobretudo) através de hiperligações directas para a página como um todo ou para qualquer um dos seus elementos. A navegação no documento, para efeitos de leitura ou arguição, pode ser feita através da numeração que é atribuída automaticamente a todos os parágrafos, notas de rodapé, figuras, galerias, vídeos, áudios e meios externos. No canto inferior esquerdo da janela aparece em permanência um pequeno campo de texto com a indicação ir para^[Ou go to, na versão em inglês.]. Ao digitar um número, a página salta automaticamente para o parágrafo em questão, sinalizando-o temporariamente. Utilizando os prefixos n
, f
, g
, v
, a
ou m
a página salta automaticamente para, respectivamente, a nota de rodapé, a figura, a galeria, o vídeo, o áudio ou o meio externo com o número respectivo (e.g., 12
para saltar para o parágrafo com o número doze, v1
para saltar para o vídeo com o número um ou n2
para saltar para a nota de rodapé número dois).
A elaboração da documentação dos projectos de pesquisa artística da ESMAE não passa, contudo, pela escrita directa de HTML, CSS, Javascript ou tecnologias web similares. O modelo foi construído sobre a plataforma ghost e permite a fácil edição e publicação de novas páginas, gerando automaticamente a formatação, oíndice, a numeração e a funcionalidade de navegação.
A edição de páginas no editor do ghost
A edição de páginas no ghost é feita exclusivamente através do editor online disponível para todos aqueles que tenham uma conta de colaborador no presente website. Não obstante, é perfeitamente possível escrever offline numa qualquer aplicação externa e copiar depois para o editor do ghost, que faz, em geral, um excelente trabalho na conversão, em particular a partir de editores de markdown como, e.g., o Ulysses, o iA Writer ou o Obsidian. O editor de texto do ghostpermite transformar qualquer elemento tipográfico em bold, itálico e em ligações através do elemento que aparece quando seleccionamos um elemento de texto:
Para além desta formatação simples, é possível transformar qualquer parágrafo em título principal ou título secundário (usando, respectivamente, o H grande ou o H mais pequeno) e em dois formatos de citação (usando as aspas, respectivamente, uma ou duas vezes). A forma como estes elementos aparecem no editor não é exactamente igual à que aparecerá na página final, mas é possível em qualquer momento fazer uma pré-visualização através do botão preview, disponível no canto superior direito. O endereço do site que aparece na página de pré-visualização pode ser copiado e enviado para qualquer pessoa (e.g., o orientador do trabalho) sem que a página seja disponibilizada ao público em geral. Sempre que a página é actualizada (utilizando, e.g., o atalho cmd/ctrl+s
), a pré-visualização também será actualizada.
Elementos multimédia
O extenso menú de opções do editor do ghost permite a inclusão de vários tipos de elementos multimédia, tanto internos — i.e., colocados no servidor da ESMAE, como imagens, galerias de imagem, vídeos ou áudios — como externos — e.g., vídeos disponibilizados pelo YouTube ou pelo Vimeo e obras musicais disponibilizadas pelo Spotify ou pelo SoundCloud. A ESMAE apenas pode garantir a permanência dos elementos multimédia internos, pelo que todos os elementos criados no âmbito dos projectos a documentar devem ser sempre colocados desta forma. A inclusão de elementos externos deve ser reservada para as referências a material cujos direitos de autor não pertencem aos criadores do projecto e que não podem, por isso, ser colocados nos servidores da ESMAE. Todos os elementos deverão ser legendados, já que só os elementos com legenda serão numerados e, consequentemente, só estes serão acessíveis pela navegação da página.
Para evitar que os recursos do servidor sejam desnecessariamente sobrecarregados, os vídeos da página só são carregados quando o utilizador os executa. Assim, todos os vídeos internos aparecem, por omissão, com um fundo negro antes da sua primeira execução. Para definir uma imagem de pré-visualização do vídeo, deverá ser definida a opção Custum thumbnail, utilizando, e.g., a primeira frame do vídeo em questão.
O servidor da ESMAE tem activo um limite de 50 Mb para o tamanho dos ficheiros a integrar na página. Ainda que este limita seja suficiente para vídeos curtos e para a maior parte dos ficheiros de áudio comprimidos, para vídeos e ficheiros de áudio mais longos é possível a integração de elementos multimedia a partir da plataforma educast, da FCCN, disponível para toda a comunidade da ESMAE através do login institucional. Os formatos suportados são mp4, mov, m4v, mpeg, mpg, wav, mp3 e aac. Depois de criada a conta no educast, devemos criar um canal e fazer o upload do vídeo ou do áudio, seguindo as instruções do educast. Quando o conteúdo estiver disponível para visualização, bastará copiar o link disponibilizado pelo educast para download do mesmo, na localização indicada na imagem seguinte:
Com este link, o vídeo poderá ser integrado no modelo da ESMAE pela introdução, num parágrafo autónomo, do código !educastVideo[_URL_](_Legenda_)
, substituindo a expressão _URL_
pelo link copiado do educast e a expressão _Legenda_
pela legenda do vídeo. Num exemplo prático, o vídeo seguinte foi gerado automaticamente pela introdução do código !educastVideo[https://educast.fccn.pt/vod/clips/1ust6ked5k/desktop.mp4?locale=pt](Vídeo do educast integrado no modelo da ESMAE.)
:
!educastVideo[https://educast.fccn.pt/vod/clips/1ust6ked5k/desktop.mp4?locale=pt](Vídeo do educast integrado no modelo da ESMAE.)
Os conteúdos colocados no educast, sendo uma plataforma da fccn, são considerados para efeitos de repositório institucional. Os exemplos de áudio também poderão ser integrados a partir do educast utilizando o código !educastAudio[_URL_](_Legenda_)
. Num exemplo prático, o áudio seguinte foi gerado automaticamente pela introdução do código !educastAudio[https://educast.fccn.pt/vod/clips/r1o3gyqje/desktop.mp4?locale=pt](Áudio do educast integrado no modelo da ESMAE.)
:
!educastAudio[https://educast.fccn.pt/vod/clips/r1o3gyqje/desktop.mp4?locale=pt](Áudio do educast integrado no modelo da ESMAE.)
A imagem de cabeçalho do artigo deve ser definida no campo aberto pelo editor aquando da criação de cada nova página. Esta imagem será também usada para identificar o artigo no menu do site e não será numerada. Esta imagem poderá ser opcionalmente legendada, como é visível no caso da presente página, como forma de descrição e de atribuição dos créditos da imagem. O editor disponibiliza ainda a opção de utilizar uma imagem do arquivo online Unsplash, situação em que adiciona automaticamente uma legenda com os respectivos créditos. Ainda que seja sempre preferível utilizar uma imagem específica de cada projecto — ou uma imagem do arquivo da ESMAE no Flickr —, é possível a utilização de imagens adequadas do Unsplash sendo, nesse caso, necessário manter a legenda gerada automaticamente.
URL, tags, resumo e autor(es)
O menú disponível no canto superior direito do editor do ghost permite definir as características gerais do documento. O URL atribuído automaticamente a partir do título da página pode ser alterado para um mais curto, sendo iterativamente numerado em caso de duplicação. As tags públicas permitem a navegação do website e devem ser definidas respeitando as seguintes regras:
- a primeira tag deve ser sempre a identificação do contexto de criação da página: no caso dos mestrados, deverá ser usada Artes Cénicas para o MAC, Artes e Tecnologias do Som para o MATS, Composição para o MC, Ensino de Música para o MEM e Interpretação Artística para o MIA; no caso do PDCA, deverá ser usada Criação Artística; no caso de eventos de pesquisa artística, deverá ser usada Eventos; no caso de outros projectos, deverá ser usada Pesquisa Artística.
- no caso dos ciclos de estudos, deverá ser ainda usada uma segunda tag com a designação do grau em questão: Mestrados ou Doutoramentos.
Deverá ser sempre definido um resumo, com um tamanho máximo de 300 caracteres, que será utilizado tanto no menu do website como no cabeçalho da própria página. Os autores só poderão ser identificados caso tenham uma conta no website, sendo o primeiro autor o responsável pela publicação. Cada autor poderá definir os elementos do seu perfil que aparecerão na página com a lista de todas as páginas em que é autor ou co-autor.
Revisão de artigos antes da publicação
Como descrito acima, o link para pré-visualização do artigo poderá ser partilhado com qualquer pessoa, dentro ou fora da ESMAE, para revisão antes da publicação. Para uma revisão mais aprofundada, como, e.g., a do orientador do trabalho, é possível dar acesso de edição a outra pessoa adicionando-a como co-autora.^[Esta co-autoria pode ser provisória, podendo ser adicionada ou retirada a qualquer momento, antes ou depois da publicação da página.] Com acesso de edição, o revisor poderá fazer alterações na página e/ou deixar comentários sob a forma de callouts:
Particularidades do modelo da ESMAE
Índice
O índice de cada página é gerado automaticamente, listando todos os títulos principais e secundários da forma hierarquizada como se pode ver no topo desta página.
Notas de final de página
Para criar notas de rodapé^[Como esta que aqui aparece.] utilizamos a sintaxe markdown, com os caracteres ^
e [
para marcar o início da nota de rodapé e o carácter ]
para a fechar. Na visualização da página, serão automaticamente numeradas as notas, criadas as referências e estabelecidas as respectivas ligações. No editor do ghost, o presente parágrafo aparece da seguinte forma:
A geração da bibliografia
A lista de referências bibliográficas pode ser compilada manualmente ou a partir de qualquer gestor que permita a exportação de listas bibliográficas formatadas como, e.g., o Zotero. Ao colocar esta lista no documento sob um título que seja exlusivamente constituído pelas palavras bibliografia, referências, bibliography ou references (em qualquer combinação de maiúsculas ou minúsculas), essas linhas não serão numeradas e serão formatadas como uma série de referências bibliográficas, como se pode ver no exemplo a seguir:
Bibliografia
Borges, J. L. (2017). Este Ofício de Poeta (T. Costa, Trans.). Relógio d’Água.
Cazeaux, C. (2017). Art, research, philosophy. Routledge.
Coessens, K., Crispin, D., & Douglas, A. (2010). The Artistic turn: A manifesto. Leuven Univ. Press.
Kiefer, A. (2015). A Arte há de Sobreviver às suas Ruínas (J. D. de Almeida, Trans.). Deriva Editores.
Penha, R. (2019). On the reality clarified by art. ÍMPAR: Online Journal for Artistic Research, 3-44 Pages.
Tags especiais
No ghost, todas as tags que comecem com o símbolo #
(cardinal) são, por definição, tags internas, ou seja, tags que são usadas para definir características das páginas sem que sejam usadas para navegação. O modelo da ESMAE define 5 tagsespeciais deste tipo:
#en
: a língua da página é definida para inglês, sendo também traduzidos todos os elementos gerados pelo modelo.#no-index
: é desactivada a geração automática do índice.#no-author
: a página aparecerá sem autor designado e não aparecerá na lista de páginas do respectivo autor (opção útil para, e.g., páginas de eventos).#no-navigation
: são desactivadas as funcionalidades de navegação e numeração dos parágrafos.#no-numbering
: é desactivada a numeração dos elementos multimédia.
Tabelas
Para desenhar tabelas utilizamos o elemento de parágrafo com a sintaxe markdown. O carácter |
é utilizado para delimitar as células de cada linha e a segunda linha define o alinhamento de toda a coluna através do carácter :
, com alinhamento à esquerda quando ausente, alinhamento à direita quando presente no lado direito dos traços horizontais e alinhamento ao centro quando presente em ambos os lados. Em jeito de exemplo, e para gerar a seguinte tabela:
Cabeçalho 1 | Cabeçalho 2 | Cabeçalho 3 |
---|---|---|
à esquerda | ao centro | à direita |
outra linha | outra linha | outra linha |
utilizaríamos a seguinte sintaxe markdown:
| Cabeçalho 1 | Cabeçalho 2 | Cabeçalho 3 |
| ----------- | :---------: | ----------: |
| à esquerda | ao centro | à direita |
| outra linha | outra linha | outra linha |